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ACIMA ESTÁ O LINK DO ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO " REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE: SERRA DAS AROEIRAS"...
CÓPIA DO TRECHO SOBRE O ESTUDO DAS AVES NA SERRA DAS AROEIRAS.
(...) "3.2.2. Aves
Sob o ponto de vista local e regional, a conservação dos remanescentes florestais e
seus entornos devem representar uma vantagem adicional, contribuindo para a
conservação da avifauna e de outros grupos zoológicos, a despeito da paradoxal
contribuição de fragmentos florestais pequenos para a conservação (Lawrence e
Bierregaard, 1997). A criação de Unidades de Conservação no entorno dos limites da
APA Carte de Lagora Santa é relevante, pois permite um maior contingente
populacional regional, que pode auxiliar na manutenção das espécies nas reservas da
APA através de um sistema metapopulacional.
Muitas espécies de aves que ocorriam na região há cerca de dois séculos foram
extintas (Christiansen e Pitter 1998, Lins et al. 1998) e a maioria das espécies que
ainda ocorre são aquelas com maior tolerância a distúrbios, incluindo aquelas típicas
de ambientes aquáticos, havendo, no entanto espécies ainda sensíveis à
fragmentação de hábitats (Lins et al. 1998, Stotz et al. 1996).
Toda a discussão foi baseada em dados secundários da literatura (Pinto 1950, 1952,
Lins et al. 1998, ) e em levantamentos de campo na região vizinha à APA, em 2009,
que incluiram o Parque Estadual de Serra Verde, na divisa entre os municípios de Belo
Horizonte e Vespasiano, a poucos quilômetros do aeroporto de Confin; o Monumento
Natural Estadual Gruta Rei do Mato, em Lagoa Santa; e o Monumento Natural
Estadual Peter Lund – Gruta de Maquiné, em Cordisburgo (Ribon e Souza, 2009 a, b,
c).
A avifauna dessa região foi estudada no século XIX pelos dinamarqueses Peter W.
Lund, ícone da paleontologia brasileira e residente em Lagoa Santa, por Reinhardt,
vindo à região a convite de Lund, e por Herman von Burmeister. O mais extenso
levantamento sobre a avifauna da região foi realizado por Lins et al (1996), que
registraram 216 espécies de aves, mas não encontraram 115 espécies registradas
pelos zoológos do século XIX.
A maioria das espécies foram desparecidas nos últimos 140 anos (Lins et al., 1996),
espécies típicas de Mata Atlântica, como o araçari (Pteroglossus aracari) e a araponga
(Procnias nudicollis) incluindo espécies de valor cinegético como a capoeira
(Odontophorus capueira) e o jaó-do-sul (Crypturellus n. noctivagus). Dezesseis 63
espécies de cerrado não foram mais encontradas no estudo de Lins et al. (1996),
como a ema (Rhea americana), o tiê-do-cerrado (Neothraupis fasciata), o tapaculo-decolarinho (Melanopareia torquata), e o mineirinho (Charitospiza eucosma). Dentre as
espécies aquáticas registradas por Burmeister, Lund e Reinhardt, 14 não foram
registradas por Lins et al. (1996), incluindo o jaburu (Jabiru mycteria) e cegonha
brasileira, também conhecida como maguari (Euxenura maguari).
As espécies registradas em ambiente florestal por Lins et al. (1996), compreenderam
cerca de 30% do total registrado na região. Essas espécies são, em grande parte,
mais tolerantes à fragmentação florestal, como a choca-da-mata (Thamnophilus
caerulescens) e o chupa-dentes (Conopophaga lineata) (Ribon 1998, 2003), além de
espécies que aparentemente invadiram a região após a sua fragmentação, como o
canário-do-mato (Basileuterus flaveolus), destacado por Lins et al. (1996) como muito
comum atualmente, conforme verificamos também nas localidades do entorno da APA
Carste de Lagoa Santa (Ribon e Zaidan 2009 a, b, c).
Apesar do grande número de extinções regionais, na APA ainda ocorrem espécies
ameaçadas de extinção, como a águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), o uruburei (Sararhamphus papa), o gavião-pato (Spizaetus melanoleucos) e o gavião-penacho
(Spizaetus ornatus), registradas na Fazenda Cauaia (Soares et. al. 2008, Zorzin et al.
2006, Carvalho Filho et al. 2004). Ainda segundo esses autores H. coronatus e S.
melanoleucos foram registrados na região da Jaguara, enquanto H. coronatus foi
registrada também na área do Mucambeiro. A presença dessas espécies é
parcialmente explicada pela presença dos afloramentos rochosos, onde algumas delas
nidificam, e pela extensão dos fragmentos florestais remanescentes.
Dentre as espécies aquáticas, os estudos de Lins et al. (1996) mostraram que, apesar
de que parte considerável da avifauna desse grupo ter sido localmente extinta,
algumas espécies mais sensíveis e também perseguidas por caçadores, como a
narceja (Gallinago gallinago), o pato-do-mato (Cairina moschata), a marreca-de-asabranca (Dendrocygna autumnalis) e o irerê (Dendrocygna viduata) ainda ocorrem na
região. Além destas, destaca-se a ocorrência de espécies raras e ameaçadas como o
cabeça-seca (Mycteria americana), o colhereiro (Ajaja ajaja) e o pato-de-crista
(Sarkidiornis melanotos) (Dornas Oliveira e Figueira 2004) de espécies migratórias
como a tesourinha (Tyrannus savana), vinda da Amazônia e do maçarico-pernaamarela (Triga flavipes) e do papa-lagartas-cinzento (Cocyzus americanus), migrantes
do Hemisfério Norte (Sick 1997).
A avifauna registrada na APA por Lins et al. (1996) e em áreas de floresta decídua por
Ribon e Souza (2009 a, b, c) compreende cerca de 28% das espécies de aves do
estado, incluindo o pinto-dágua (Laterallus melnanophaius), espécie que vive em
brejos densos, logo de difícil detecção, mas facilmente detectada com o uso de playback.
A região da Serra das Aroeiras não foi inventariada por Lins et al. (1996), entretanto,
devido à proximidade geográfica e grande extensão, não há motivos para que a
composição de espécies comuns e, eventualmente, também das mais raras, seja
muito diferente das áreas iventariadas em seus estudos.
A extensão relativamente grande da área proposta potencializa a existência das
populações maiores de aves, ainda que de espécies comuns, como da família
Tyrannidae (bem-te-vi Pitangus sulphuratus, siriri Tyrannus melancholicus, maria-é-dia
Elaenia flavogaster), Thamnophilidae (chorozinho Herpsilochmus atricapillus), além de
Columbidae (rolinha Columbina talpacoti), Accipitridae (gavião-carijó Rupornis
magnirostris, carcará Caracara plancus, carrapateiro Milvago chimachima),"...
Pr Dr GISNALDO AMORIM PINTO.
COORDENADOR DO DOSSIÊ FAZENDA MODELO.